Monday, December 25, 2006

memórias de um ano fabuloso

inicio esclarecendo que para o caimento deste singelo relato pedi que o meu caderno fosse cor Primeiro Mijo da Manhã.
mas tudo o que me restou foi um cor de rosácea de suvaco amoroso, coisa que costuma ir de encontro à negativa da negativa de um senso prático.

mas sim: neste ano que se encerra houve bastantes episódios dignos de serem postos em conserva de registro, com o obséquio da palavra foda, que perdeu o ph de philosofia lá pelos idos por pirambeira abaixo pelo cacete de certos modernólogos moderninhos.
pois bem que não avistei nenhum conceito, e isto mesmo é digno de picas para quem quiser, em detrimento da utilidade destas para cada sortudo - pois que se as têm ou não etc.
de superação ocorre que andei muito de pés e de barco. tão lindo o mar lá fora que me inspirou, bem como música e sudoku com aqueles quadrados magníficos, alguns já vem com o número dentro e tudo.
e nuvens, não é mesmo?
também o pássaro gigante que dança no céu de acordo com o ship instalado no cérebro de cada passarinho.
tudo coisa muito bonita e emocionante de farfalhar gargalhadas de contemplação.

Wednesday, December 13, 2006

a baleia contemporânea


tem baleia no festival do contemporâneo
tem baleia em videopoesia
(também estará a venda no local uma miniantologia contendo lascas de baleia)

Festival do Contemporâneo
Espaço Oi Futuro: Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, Rio de Janeiro/RJ
Abertura: 18 de dezembro - a partir das 19h30min
19 a 22 de dezembro - das 11h às 20h

Wednesday, November 08, 2006

nem tudo que pensa existe

veja bem, meu caro chapinha.
mas veja bem com seus olhos de bolota.
não vá já, em propósito, se utilizando destes outros
- esbugalhados galos internos (circunvoluntários) -
que quase que, fora de propósito, estão a lhe causar o mal-do-rombo-craniano-mais-que-perfeito quando, nadando normalmente, trazem à superfície imagens indiscriminadas - qualquer que seja o estágio do seu intestino-inventivo-animal.

sim. àquela gosma insone que acordou após a cagada-invenção-desorientada da bactéria-número-um do nosso cometa-planeta, cabe o distintivo de xerife e o retrato.

pois bem. não vá achando que porque maçã tem gosto de uva, abóbora é quase um caqui e melão é um pepino doce que irá, mais que de repente, ouvir um som que não foi propagado ou sentir cutuco sem que tenha havido deslocamento de massa de ar.
porque filosofia é sensacional.
e major thom yorke vive dizendo:
just 'cause you feel it, doesn't mean it's there.

Tuesday, October 10, 2006

odisséia pré-concebida

tentei simular um passadiço numa pistola de papel no sentido de obter poder de decisão em cima daquilo que ainda não havia completado nenhuma transgressão físico-química para surgir do nada

alterei minha percepção mal-interpretada para aparecer correndo por cima de um desfiladeiro sem sequer antes ter tomado impulso

carreguei uma porção de talco desinfetado aparado por nenhum recipiente com embocadura senão a de 360 graus

coloquei em formaldeído algo tão vivo que no exato momento do escalde apresentou-se em completa aurora boreal em pleno hemisfério errado

fui e voltei 365 vezes ao ano num mesmo trecho paginado pra fazer sentido e encontrei tamanha incompreensão da minha própria parte de memória

mas como já dizia o grande filósofo major tom: planet earth is blue and there's nothing i can do

Sunday, September 24, 2006

eu quero os cacos do caco

se o caco ishak fosse constituído de um material diáfano de relativa dureza, tal qual aquele rotineiramente utilizado pelos seres debatentes em fúria para atenuar seu ímpeto autodestrutivo, eu juro, eu o partiria.
pois seria assim lido. em atendimento aos seus requisitos de cristaleira.
e diputaria a tapas os cacos do caco.
ma precious

Tuesday, September 12, 2006

comi o livro da maira parula

e que outra cousa faria uma baleia para a própria manutenção? comi.
a iguaria foi processada e coexiste agora com tudo que será doado para o mundo dentro de instantes. ou seja, compõe agora o produto do órgão mais importante do mais imensurável dos organismos carbônicos.
assim desobrigarei a sua impressão ao mundo das idéias enquanto procedo ao toilette.
sim, nenhures já lido um fama com tão distinta elegância escatológica.
e, no intento, jamais apreciei tão obtusa boquiabertura.
restaurante.

Monday, September 04, 2006

agenda apática

desenhar monstros
recortar olhos
torcer os pescocinhos
cozinhar os miolos
deglutir o kefir
abastardar o escaravelho

Monday, July 31, 2006

um corpo que está em repouso tende a continuar em repouso

urso levantou-se e urrou um pouquinho para a população minúscula do vale.
fez 3,5 flexões, cheirou o próprio dedão do pé, deu 1075 voltas ao redor da moita amarela do norte e deu com cabo na fumaça do bom fogo.

alguém nunca perceberia seu desempenho, pois ele nunca tomaria atitudes específicas, tidas pelos famas como invocadoras de presença própria.

ninguém percebeu.
ele estava sonhando.

Monday, July 10, 2006

trechos do mandamento bárbaro entortador de palavras

quem escreve sobre quem escreve palavras tortas deveria ser mandado para ser preso numa caixa.
quem escreve sobre quem escreve sobre quem escreve palavras tortas deveria ser mandado para ser preso numa caixa dentro de uma caixa.
quem escreve barbaridades assustadoras deveria ser mandado para ser barbarizado com um susto pelo assustamento barbarizante.
quem acha que manda prender ou barbarizar quem escreve palavras tortas deveria ser mandado para ser banido e aglutinado ao bando que achou que ia mandar em alguma coisa.
quem acha que acha alguma coisa não procurou direito.
outra coisa, que talvez se aplique a quem acha em lugar de quem não acha nada:
quem trocou suas circunvoluções encefálicas por pregas intestinais, sugadoras notáveis que não costumam dar conta de elementos grafáveis, talvez produza uma grande obra acastanhada.

Friday, June 16, 2006

relação física

conector fazia funcionalidade
fazia funcionalidade num universo egresso
certo dia engessou uma extensão de seu baixamento a fim de utilizar a particularidade de caber
acabou por fazer mudança subjetiva no estado de zero de uma engrenagem objetiva e, inconsiderado, participou num acionamento de desvio

moralina: descargas elétricas podem alterar

Monday, May 22, 2006

tese de amestrado

estudo tópico sobre a essencialidade de instalação de uma surdez eventual para simulação de mudez com instrução para excrescência dos males aflitos de má saúde mental por enxergar-se em posição de induzir-se com obrigação a manifestar-se por ver-se envolvido em episódio social inútil perfeito para a implementação de chilique primata de cérebro bobo.

para cima e com obtusângulos em persistência encaminhe um fio descompilado em direção ao martelo de modo que a introdução do mesmo na cavidade da concha seja conjecturada com retenção fluídica ao tubo de eustáquio.

desvinculado com relação ao caso da tartaruga de ouvido vermelho.

Monday, May 15, 2006

a baleia saiu na cult

saiu um texto da baleia na magnífica matéria "virando as latas do contemporâneo" que o marcelo diniz aprontou para a revista cult deste mês sobre as gentes boníssimas que escrevem em blogs no formato uma letra após a outra.

querido marcelo, muito lisonjeada ficou esta baleia com sua batuta.

Thursday, April 13, 2006

minha teoria da conspiração

mesmo sendo assim meio abobalhado resolvi fazer aquela conta.
até porque, sempre, duas vezes ao dia, chega aquela computadora com suas luzes coloridas piscando em arritmia pretendendo não parar enquanto você não gritar e não chorar de descontentamento e não apagar aquela lâmpada mosquenta que fica rodando pendurada naquele lustre horrendo que paira em todas as residências sobre as tijelinhas de rolinha a rolê dos poodles dominadores. é realmente uma rotina ataráxica. quem sabe, talvez, com certa insistência, conseguisse, com a subtração dos números praticamente inexistentes, a fórmula de congelar o programa caixa débil mental, o procedimento.
tudo para a conseqüência de pane no circuito do pufe embelezador e uma tara convulsiva de memória ursa nos pequenos pompons, fofos, aromáticos, indolentes, aqueles... aqueles donos do cinismo controlador do ímã-chip multiproliferador das discotexas histéricas ambulantes.
sim, o último produto da linha maníaco-repressora canina.
mas é bom que saiba que tudo depende ainda do meu bolário.

Tuesday, April 04, 2006

tutu não cavuca

tutu era um tatu que vivia absorto em pensamentos que não podia suportar e lhe faziam empertigado numa tijela de areia movediça negra.
qualquer palavra estapafúrdia como mamão, goiabinha ou sintaxe, lhe sonava perfeitamente comum como moréia, mocréia, flanela-de-limpar-o-cesto-de-palha ou palimpsesto, as quais punham-no num enigmático carrossel de parque antitemático.
nunca soube como se desvencilhar de moscas operárias obsessivas burocratas machistas escravocratas, talvez esse fosse o motivo pelo qual fazia uso de um patíbulo para cortar as unhas da pata traseira quando o esperado seria que fosse para o alto e avante de encontro aos símbolos de atitude.

Thursday, March 09, 2006

eu e meus amigos ateus

eu e meus amigos ateus gostamos do gato preto
e cortamos o cabelo na lua mingüante

eu e meus amigos ateus não hesitamos frente a uma quadratura com saturno e só não comemos uma farofa de macumba por questões básicas de higiene

não invocamos as tradições por preferirmos deixá-las lá onde estão
como material de estudo da ciência histórica

e somos adoradores do acaso todo poderoso

Tuesday, February 28, 2006

o segredo da vila da costela quebrada

próximo à janela havia um velho barbudo eterno que grunhia i...
todos passavam.
por uma estranha razão saíam cantando i-i-i-i-i dadaradá...
no fim do dia chegou o entregador de bezerros.
e o velho finalmente concluiu:
ich liebe dich.

Wednesday, February 08, 2006

ecologia doméstica para tanatomaníacos

- Dei com o bifone ontem no recinto dos avistados.

- Sei. Inusitado. Porém, praticamente normal, pois o bifone andou suportando ser olhado nos últimos meses. O estranho é que matou-se anteontem.

- Sim. Matou-se. No entanto ainda não morreu. Pediu o veneno lento apático a fim de usufruir com mimo seus últimos agonismos. De modo que deixará de existir amiúde em algumas horas. Talvez ainda dê tempo de enviarmos nossos cumprimentos e estima de perfeito desaparecimento.

- Com efeito... Fez bem o bifone.

- Também acho. Eu próprio ando cansado. Tantos nascendo. O planeta tão pesado rodando.

- Um copo de limonada com adoçante quando sinto necessidade de comer algo doce ...

- Ando fatigado com nosso estímulo abjeto de vida. Se saberei mais, alguém já sabe. Ademais minhas células já requerem independência de ameba.

- Percebo perfeitamente. De minha parte, temo tornar-me mais idiota, chato e fedorento. E penso sim, que é muito digno sumir do mapa. Ser modernizado.

- Devíamos seguir o glorioso exemplo das minhocas. Estes sim são seres utilíssimos que cumprem com primor a função adubadora.

- Confesso que já tentei colaborar, à minha maneira, com o intuito de incremento do solo. Entretanto as moitas para defecação andam escassas ultimamente por conta do desmatamento.

- Pois incentivo-o a empenhar-se. De melhor sorte é mais aceitável do que a descarga no oceano. Agora passe-me o antiespasmódico.

Wednesday, January 25, 2006

cereal killer

ulissas não comunicou seu disparate aos processadores de papinha cor de abóbora. talvez conseguisse alguma invisibilidade na vasta imensidão daquela baixela. levitou lentamente até a imperfeição mais próxima e, inespremível, procedeu ao aglutinamento de sua celulose para arranjo de um penteado moicano a fim de não ser digerida e dormir sem contudo cansar-se. antes, derramou ultrapolida uma gosma para grude noturno que escorreu através da geratriz do compartimento pouco ao redor da micraesfera. adormeceu. somente acordou quando um antiespasmo a impulsionou para fora da liga artificial de mingau. rolou então no sentido inverso à direção do simulador de biscuit. ah, admirável perdimento nas alturas incomparáveis do magnífico pão bengala! – abstraiu: lembrança de sua gratificante fase suscetível à capilaridade. esqueceu-se que, de tanto almejar o sossego daquelas paragens comestíveis, perdera sua significância no sentido de existir entre um e outro estado físico. mas este foi o único jeito de livrar-se dos traumas causados pela "hora do pão fresquinho". hesitou. lembrou-se aparvalhada de sua gafe e tratou de esquecer utilmente sua vergonha. hesitou. tornou a pipocar velhas armadilhas pelo trilho de sua rede memorabilia farinhenta. mas nada que não fosse considerado idiotice, falta do que fazer, abuso da própria paciência ou paranóia boba em relação à peneiragem. de todo modo, sabia que arregaçando as possibilidades, sempre conseguia um disfarçamento quando se sujeitava na manufatura de porrolhos de alho com aparência fusiforme. tudo isso sem contar com o poder lesmático de sua existência em dias úmidos que proferia em algum lugar espalhado de si algumas incursões no reino fungi. emprestava, nesse caso, a propriedade de exalar aromas sem produzir sabores, coisa muito útil para fomento do expanssivo mercado faquir-food e conseqüente desculpa por produtividade. por outro aspecto, se em algum processo fosse descartada, sabia como se portar numa mesa de alimentos expostos para aniquilação bacteriana a laser. bastava-lhe empedrar para pular a fase do scanner panbiótico. flutuou em seguida de encontro a um pano de prato esgarçado para utilização de seus fiapentos cipós. jurou que jamais empelotaria pastosos novamente. corria o grande risco de ser dissolvida em maus fluidos e punida com uma reprodução assexuada por esquizogonia. numa atitude de emergência, passou para a fase de inflagem em direção a uma torrente de gelatinosos. caiu. grudou. atolou-se. e finalmente conseguiu um par de pseudópodos para darem jeito de mucosa num procedimento conhecido como inutilização do aparelho telefônico do padeiro.

Thursday, January 19, 2006

inércia moral

pense em sentar uma bunda gorda em uma cadeira ao contrário.
produza um manuscrito amarfanhado e em seguida conduza-o a um dispensário de má compreensão.
pense em colecionar seus despencados filamentos queratinosos para dar com si no espelho entoando um fá diabolizado.
faça a façanha faceira de falhar em dircurso sobre o método da desculpa engabelante.
pronto.

Friday, January 13, 2006

o monge mau

abantesma era figurado.
procedia na mixagem escarcenta do universo brejeiro.
e como se não bastasse sua apessoa, mijava no escuro.
regava quase toda espécie de matéria aboborada na noite em fossas de descarte passivo.
e que outra cousa fazia para o desagrado alheio:
desarranchava granjenses a fim de enrrouquecer o galo cantante madrugador para dissimular seu simulacro de banzo.
cagava na pia.
alternativamente, esturricava toucinhos ultra bem passados no intuito de ridicularizar os suínos.
arrebanhava demasiado insucesso com seu eu sublimado de noção.