Tuesday, October 25, 2005

sincronicidade

ainda bem que hoje chegam minhas caixas da Confraria da Maionese, casa respeitada por seus sabores hilariantes...
ainda bem que não me preocupei ontem com o perigo do extravio...
até jantei normal.
ainda bem que só lembrei disso agora que só faltam 6 horas para o cuco ser estraçalhado pelo machadinho da fadinha da meia-noite.
agora no meu campo de visão somente 16 bonecas para serem decapitadas: uma a cada 30 minutos de espera. é possível que sobrem algumas se tudo correr bem. que sorte.
eu sempre soube que um dia a guilhotina de papel serviria para alguma coisa.
bom, pelo menos acho que descobri o significado da sincronicidade. simples assim.
e pensar que perdi boas apetites até forjar um conceito.
e da espontaneidade, com efeito. ajuda muito na aquisição de coisas quase inúteis.
pois que nunca podemos prever qual o próximo tipo de molho a ser lançado no mercado.
a partir da hora dois, se necessário, darei sentido de existência ao extrusor antipático: começarei a maltratar os bichinhos de pelúcia.

Friday, October 21, 2005

a origem do equívoco

os muitos acochambraram as espadas.
mas não puderam enformar os escudos.
perderam a batalha para os poucos.
estes, desleixados e comilões, e, até então, pacíficos, puseram fermento de mais nos bolos feitos nas fôrmas roubadas dos muitos.
voou farinha para todos os lados.
e por causa dos confeitos colocados em recheio nos bolos explosivos, foi criada uma nova modalidade de batalha:
balas lançadas em alta velocidade na direção dos vencidos.

Monday, October 17, 2005

nos bastidores do pocker

a conversa dos 10

- escute, meus frangalhos estão sendo cobiçados.
- e o que está esperando? livre-se deles.
- mas, meus frangalhos...
- frangalhos não são importantes. troque-os por um conjunto de porcelanato com adorno de buclê. é quase um item para tornar-se um valete fresco empreendedor.
- mas... sinto-me débil para adentrar o ramo da emergência. creio que as damas costumam angariar todas as peruas de plástico para seus chás deprimentes.
- talvez.
- ... e prezo muitíssimo minhas pregas de orelha, tão sutis e particulares...
- sei.
- ... marcas de jogos sujos e febris...
- entendo.
- e concluo que definitivamente não posso ser reciclado!
- veja. você deveria confiar nas instituições salafrárias. certamente lhe será conferida nova existência.
- sim, mas...
- provavelmente derivada da banha aspirada nas clínicas de emagrecimento...
- meus...
- sem contar com um possível bônus de nitroglicerina com o qual poderá proporcionar mini-explosões nos assentos de cadeira dos chás das plastificadonas... pense nisso. não seria nada mau captar a aura de endorfina das peruas inexpressivas... poderia proceder ao engarrafamento do espectro e comercializar na bancada dos reis abobalhados.
- snif...
- colabore para a manutenção de seus estados imbecis e nunca darão conta da existência ou não de seus frangalhos.
- frangalhos...
- jamais importarão. e jamais terão seu valor afetado pelo mau-mau financeiro.

Monday, October 10, 2005

o pinico dourado

um homem era tão apegado a seus materiais que bebia o próprio mijo.
não podia desperdiçar o bonito líquido tilintante que produzia com esmero amarelo.
o único sumo que admitia descartar era o composto de fezes, mas não compreendia o motivo.
desconfiava que tal comportamento desconfigurado estava vinculado a um lapso de memória, já que não assimilava registro de infância.
de fato era com freqüência recorrido por um sonho estranho onde, sendo ainda um menino de 4 anos, era empanturrado de papinha marrom por uma coleguinha que dizia: “olha o aviãozinho de carga de merda!”
acordava toda vez com sintomas de afasia e somente após o passamento de 15 minutos conseguia pronunciar uma frase: “compre-me um pinico dourado”, com a qual era despertado do transe apático.
por mero acaso, já possuía um pinico prateado onde depositava o mijo a fim de efetuar o sorvimento.
não sabia pois a origem do sonho, tampouco do acometimento posterior, dada sua amnésia em parcela.
pensava, toda vez, que devia ir em busca da materialização de um pinico dourado.
talvez deste modo descobrisse efeito de solucionar o inquietante enigma do desperdício da matéria sólida - que era sócia de um primor de beleza plástica.

Wednesday, October 05, 2005

os mistérios da punta que pariu

punta era garbosa.
suas cores farfalhafatosas lhe incumbiam utilidade na função de figurinha auto-adesiva.
a qualidade do grude, porém, revelava deslizes em sua ab-rogada aderência.
falava-se sobre sua existência tal qual a de um sabonete submarino de banheira.
cansou de si perdida e, subexistindo com fantasia de panfleto, foi ter com o mestre Super Bonder.
pariu. uma possante tarja de patrulha somente arregaçável pela força de 95 macacos-zumbis babadores de gosma guar.

(este texto já foi publicado no fotolog desta baleia extraterrestre)

Saturday, October 01, 2005

o machão encurralado

o calvo era um sujeito preocupado com a imagem e com as 2 ou 3 amantes que lhe coçavam o pé. a coceira no pé era cultivada como um bem segurado e o eventual contentamento derivava do dedo mindinho. comia framboesas ao relento com as 2 ou 3 amantes, cada qual por vez, mas freqüentemente delirava que estava a sofrer de cu ralado. as pré-inimigas mandavam ver no barômetro e bomba de gás do imaginário repressivo a fim de, inconscientes, extremarem-lhe o ralamento. queriam cada uma, duas ou três, o pré-divórcio com ganas de descabelamento selvagem, o que resultaria para sua esposa a visão da bandeira mor de desleixo por adultério mal cultivado. a oficial, diga-se mornamente, também sabia como proporcionar-lhe certas sensações pseudo-histamínicas. prensou gravemente os miolos para decidir como proceder, já que preocupação maior do que a da continuação de seus proveitos era a de ater seu nome a um descabelamento, o que resultaria em um choque grutural com sua machice. ponderou. decidiu por fim dirigir-se ao cartório. mudaria de nome.